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Resenha - Pipeline de Liderança

Resenha Crítica por André Polido, Associado Trainee do Instituto Líderes do Amanhã

Ram Charan, Stephen Drotter e James Noel são personalidades de renome no que se refere a consultoria, planejamento e o meio acadêmico voltado à área de negócios, com ênfase em abordagens sobre liderança, planos de sucessão e educação executiva em geral. Em seus currículos, contam com serviços prestados para empresas de atuação internacional, como General Eletric (GE), Marriott, Citigroup, Goodyear e Dupont.


A obra “Pipeline de Liderança – O desenvolvimento de líderes como diferencial competitivo” foi elaborada de forma conjunta pelos autores mencionados, sendo um divisor de águas no estudo da liderança e de sua aplicação no ambiente corporativo. A obra aborda, de forma aprofundada, opapel dos líderes corporativos, alertando sobre os perigos da supressão, ou lacuna, e da sobreposição de níveis de liderança, a “tubulação” da liderança empresarial.


É um livro marcado por noções inovadoras, por uma tarefa incansável e bem-sucedida por parte dos autores, de lançar luz sobre a imprescindibilidade de uma atuação estratégica, dedicada e cautelosa na seleção dos gestores empresariais por nível de gestão. Charan, Drotter e Noel ensinam que a seleção deve levar em conta habilidades e valores específicos, que requerem treinamento e experiências altamente especializadas, conforme cada nível de gestão, etapas que passam despercebidas por encarregados pelas promoções e seleções, por vezes, de forma desastrosa.


Em se tratando de níveis de gestão, é bastante didática a analogia apresentada pelos autores entre estes níveis e as passagens de um “pipeline”, uma tradução como “tubulação”, uma “tubulação” de liderança. A partir dessa noção de “pipeline”, ou “tubulação”, pontua-se que a liderança é desenvolvida por processos gradativos e ordenados, “passagens” de treinamento, adaptação e aprendizagem contínua, de natureza diversificada e adaptada a cada nível de gestão.


Abordando o seu “pipeline”, os autores apresentam um modelo clássico, focado em seis passagens, com representativas de mudanças de níveis de gestão, “passagens”, correspondentes a mudanças de tubulação. O modelo com seis “passagens” é aplicável a empresas de grande porte, como multinacionais, embora os autores também exponham a possibilidade de adaptação do modelo a outras empresas, de diferentes proporções ou especificidades, apresentando, para tanto, modelos mais reduzidos, com quatro passagens, ou ramificados, por exemplo.


Além da abordagem ilustrativa e inovadora do modelo de “pipeline”, a obra apresenta orientações de caráter principiológico, de importância axiológica, contribuindo para ensinamentos valiosos ao planejamento sucessório de líderes no meio corporativo, não apenas evitando consequências ruinosas para a corporação, mas também permitindo uma potencialização dos resultados positivos da empresa, além da criação de uma cultura corporativa marcada pela preparação interna de gestores de alto rendimento em todos os níveis de gestão.


Para atingir os objetivos delineados pelos autores, diversos mecanismos são ensinados, tais como a utilização adequada de “feedback” e “coaching”, a necessidade de busca de informações de caráter multissetorial, de desenvolvimento de uma visão global do negócio, bem como do desenvolvimento da capacidade de planejamento de longo prazo.


Marcante, inclusive, é um dos aprendizados apontados pelos autores como imprescindíveis por parte de gestores nas transições de alguns níveis de gestão: aquele voltado a evitar as tendências de intervenção de natureza técnica no trabalho de seus subordinados, aprendendo a retirar uma sensação de dever cumprido da atuação voltada a coordenar uma atuação exitosa por parte de um subordinado, instruindo, mas, também, dando espaço para que este brilhe por conta própria.


Ensinam os autores, sobretudo, que, para além das habilidades, da experiência construída de forma gradativa e escalonada, ou tubular, da busca de informações em diversos setores e da capacidade de planejamento a longo prazo, o gestor empresarial somente pode se desenvolver adequadamente para a função se os processos levarem em conta valores específicos de liderança, valores que mudam, assim como as habilidades necessárias, à cada nível de gestão.


A partir da leitura e de todos os ensinamentos expostos na obra, não foi fácil a tarefa de buscar as palavras adequadas para conseguir definir o que gostaria de expor em se tratando de uma conclusão. Me deparei com uma constatação assustadora, mas que me parece bastante válida, a de que, por muito tempo, gestores que sequer sabiam a importância ou o que se compreende verdadeiramente por gestão promoveram e selecionaram diversos indivíduos para cargos de gestão, os próprios igualmente desconhecedores de seus requisitos essenciais, dando continuidade ao um ciclo vicioso.


A partir desta constatação, percebi que gostaria de concluir apontando que a percepção, com base na leitura da obra, é de que demoramos muito tempo para aprender a valorizar a gestão, de fato, como atividade autônoma e complexa, que exige cautela, treinamento, prática e um estudo bastante aprofundado, não sendo algo que se aprende do dia para a noite, justificando a promoção como se gratificação fosse, por um trabalho técnico bem feito. Não há dúvida de que um alto custo foi pago por empresas, seus quotistas e acionistas, até o surgimento de três encanadores “fora da curva” e uma bela quebra de paradigma. A liderança deve fluir por toda a tubulação.


André Polido, Associado Trainee.

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