top of page
  • Líderes

Resenha - Os Erros Fatais do Socialismo

Resenha Crítica - Por Jhonnilo Cunha, Associado II do Instituto Líderes do Amanhã


"Os Erros Fatais do Socialismo" é um livro escrito por Friedrich August von Hayek, economista e filósofo austríaco, posteriormente naturalizado britânico. Considerado um dos maiores representantes da Escola Austríaca de pensamento econômico, Hayek foi defensor do liberalismo clássico e procurou sistematizar o pensamento liberal clássico para o século XX, época em que viveu. Suas contribuições para a sociedade são atemporais para a sociedade e para o liberalismo econômico.


O livro é uma sensata crítica ao socialismo e à ideia de que o Estado é uma ferramenta que pode ser usada para a melhora da sociedade. Hayek discorre sobre o conhecimento, que é disperso entre indivíduos, sendo impossível para qualquer entidade central planejar a economia de maneira eficiente. O autor defende a importância do livre mercado e da economia baseada no mecanismo dos preços, sem distorções, para a alocação eficiente de recursos.


Já no primeiro capítulo da obra, Hayek argumenta que os seres humanos evoluíram biológica e culturalmente e que a moralidade evoluiu com a sociedade. Ele afirma que existem duas moralidades distintas em conflito: a moralidade dos instintos, que nos leva a cooperar com nossos parentes próximos, e a moralidade da razão, que nos leva a cooperar com estranhos em uma ordem estendida. A natureza humana não é adequada para essa ordem estendida, pois a cooperação espontânea em uma economia de mercado depende de normas e instituições que são o resultado de uma evolução cultural complexa. Por fim, ele argumenta que a mente humana não é um guia, mas um produto da evolução cultural e que é baseada mais na imitação do que na visão ou na razão.


Em seguida, Hayek explora a ideia de que a liberdade individual e a propriedade privada são fundamentais para o desenvolvimento de uma ordem estendida. A tradição clássica da civilização europeia foi crucial para o desenvolvimento de tal conceito: “onde não há propriedade, não há justiça". Ele também discute as várias formas e objetos da propriedade e como as organizações são elementos de ordens espontâneas.


Sobre a evolução do comércio e da civilização, Hayek argumenta que o comércio é a chave para o desenvolvimento da civilização e que a expansão da ordem em direção ao desconhecido é possibilitada pelo comércio. Ele também argumenta que o comércio é mais antigo do que o Estado e que a filosofia muitas vezes é cega para essa realidade.


Hayek também aborda a crítica ao conceito de propriedade privada e ao capitalismo feita pelos intelectuais socialistas. Ele argumenta que esses intelectuais confiam excessivamente na razão e ignoram os instintos e as emoções humanas, discutindo também a ideia de que a moralidade é baseada em regras e normas que evoluíram culturalmente, em vez de ser o produto de uma razão consciente. A moralidade tradicional falha em atender às exigências da razão e a justificação e revisão das normas morais tradicionais são importantes para o desenvolvimento de uma ordem estendida. Ele argumenta que a ordem estendida é caracterizada por numerosos propósitos inconscientes e, portanto, não pode ser planejada ou controlada com sucesso, como tenta fazer o Socialismo. A linguagem utilizada na discussão de questões econômicas e políticas é, muitas vezes, propositalmente confusa e imprecisa, levando a erros e incompreensões.


A presunção fatal do socialismo é que ele pressupõe que um grupo de pessoas pode compreender absolutamente todas as informações relevantes necessárias para planejar e controlar uma economia inteira. Essa presunção é fatal porque a complexidade da economia e da sociedade é tal que nenhuma pessoa ou grupo de pessoas pode possuir todo o conhecimento necessário para planejar e controlar a economia de forma eficiente. Hayek argumenta que o planejamento centralizado resulta em escassez e desperdício. A única maneira de lidar com a complexidade da economia é permitir que os indivíduos tomem suas próprias decisões com base em seus próprios conhecimentos e interesses.


No capítulo sobre a religião e os guardiões da tradição, Hayek afirma que a evolução da ordem estendida depende da seleção natural entre as tradições que as pessoas seguem. Historicamente, a religião é um guardião da tradição, ajudando a preservar e transmitir valores importantes de geração em geração. No entanto, a religião não é a única forma de se guardar a tradição. A seleção natural pode operar em outras instituições sociais, como: família, comunidade e economia. Hayek argumenta que a competição entre as tradições é essencial para a evolução da ordem estendida e que a tentativa de impor uma única tradição em toda a sociedade é prejudicial para a liberdade individual e para a diversidade cultural.


Sobre o desprezo pelo comércio que há muito tempo é prevalente entre os intelectuais, Hayek acredita que tal fenômeno surge de uma falha em compreender a natureza e a importância do comércio. Os intelectuais costumam ignorar a teoria do valor subjetivo e da importância da troca voluntária no mercado, sendo atraídos pela macroeconomia, que trata a economia como um sistema homogêneo e passível de planejamento central e controle. A visão de que o dinheiro é essencialmente mau é um erro, pois ele é simplesmente um meio para facilitar as trocas voluntárias. Não há forma melhor de se comunicar. O lucro, que pelos socialistas é considerado uma atividade imoral, é na verdade o incentivo vital para as pessoas produzirem e oferecerem bens e serviços, desejado por outros.


Além disso, Hayek aborda sobre a linguagem envenenada, que pode ser usada para manipular nossas ações. Termos como "justiça social" são usados para justificar políticas que, na verdade, prejudicam quem supostamente deveriam beneficiar. O termo "social" é particularmente problemático, pois pode ser usado para se referir a qualquer coisa que as pessoas desejarem. Hayek também examina a confusão em torno do termo "sociedade". Existe uma ideia de que a sociedade existe como uma entidade independente das pessoas que a compõem. Isso é uma ilusão. A sociedade é um produto da ação humana e não pode ser considerada como tendo uma existência própria.


Hayek discute o problema do crescimento populacional e sua relação com a ordem estendida. É uma falácia a visão de que a população sempre cresce mais rapidamente do que a capacidade da economia de sustentá-la. Hayek acredita que a capacidade da economia de se adaptar e evoluir para atender às necessidades da população é maior do que a maioria das pessoas percebe. A capacidade das pessoas de se especializarem em tarefas específicas e colaborar entre si é uma das principais razões pelas quais a economia é capaz de se adaptar e evoluir. Ao tentar controlar e planejar a economia, perdemos a capacidade de inovar e nos adaptar.


Em resumo, Os Erros Fatais do Socialismo é uma obra fascinante e instigante que oferece uma visão crítica do socialismo e da ideia de planejamento central. Com a leitura, é possível concretizar a ideia de que o livre mercado é, na verdade, a garantia de proteção dos direitos humanos, justamente por incentivar, de maneira genuína, a tolerância e a aceitação da diversidade, uma vez que, para quase qualquer produto produzido, um indivíduo precisa interagir com diversos outros indivíduos ao longo de suas vidas. Um bom exemplo é o de Milton Friedman, que aborda esse tema por meio da história de toda a cadeia produtiva envolvida na fabricação de um simples lápis O erro fatal do socialismo, dentre várias outras falhas, é ensejar uma ordem centralizada a qual não é da natureza humana. Hayek, como ninguém, expõe isso em diversos argumentos.


Jhonnilo Cunha, Associado II.

6 visualizações0 comentário

Posts recentes

Ver tudo
bottom of page