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Resenha - Os Erros Fatais do Socialismo
Resenha Crítica por André Paris, Associado II do Instituto Líderes do Amanhã
Friedrich August von Hayek, o autor da obra “Os Erros Fatais do Socialismo”, objeto da presente resenha, nasceu em Viena na Áustria, no fim do século XIX, em 1899. Em 1938, foi naturalizado britânico, por lá lecionou anos na London School of Economics (LSE). Também lecionou em períodos consideráveis na Universidade de Chicago e na Universidade de Freiburg.
O autor foi economista e filósofo, tendo sido laureado com Prêmio de Ciências Econômicas em Memória de Alfred Nobel no ano de 1974, especialmente em razão de seus estudo sobre teoria da moeda, flutuações econômicas e o caráter independente de fenômenos sociais, institucionais e econômicos.
O livro “Os Erros Fatais do Socialismo” foi sua última obra, publicada em 1988 (quatro antes de sua morte em 1992). Em razão da situação sensível de saúde na qual se encontrava, a obra foi editada e publicada por William Bartley III.
O livro foi lançado um ano antes da queda do muro de Berlim em 1989 e três antes da dissolução da União soviética em 1991, eventos históricos que corroboraram parte das conclusões apresentadas por Hayek em seu livro, especialmente quanto a insustentabilidade econômica de um regime socialista.
Diversos dos tópicos tratados pelo autor seguem atuais, na medida em que, apesar dos seguidos fracassos econômicos e estruturais apresentados por regimes socialistas (ou mesmo por políticas de protecionistas e intervencionistas implementadas por governantes eleitos), tal regime e políticas seguem sendo defendidas por um número significativo de habitantes de nosso planeta, talvez pela ingênua esperança de que o problema tenha sido a execução das políticas socialistas, e não a teoria e as políticas em si.
Hayek demonstra, com maestria, que o problema não está, somente, na execução, mas na própria teoria em si. O autor aponta que em um sistema econômico no qual os preços sejam abolidos, os indivíduos perderão a capacidade de distribuir eficazmente os recursos disponíveis, isto é, sem a existência das naturais flutuações econômicas dos preços, indicando qual produto ou serviço precisa de um aumento na oferta para atender à demanda existente.
Ao longo do livro, o autor também aborda temas introdutórios, como ao lecionar acerca dos conceitos de liberdade, propriedade e justiça. Também trata da evolução histórica da civilização e do comércio, relacionando os avanços evidenciados com períodos históricos em que uma maior liberdade era conferida aos indivíduos e ao mercado.
Hayek também tece críticas ao que ele descreve como “cientificismo” e a crença de que a razão humana seria capaz de permitir que governos e intelectuais previssem o futuro e decidissem o que é melhor para cada um dos indivíduos que compõem o globo. Nesse ponto, o autor exemplifica sua crítica por meio das sucessivas falhas de governos em planejar a longo prazo a economia.
O autor ainda expõe o uso deliberadamente desvirtuado da linguagem por parte de governos, políticos e “intelectuais” ao manipularem vocábulos para que estes expressem exatamente o contrário daquilo que buscam atingir com suas ideais e políticas restritivas à liberdade individual.
Se encaminhando às conclusões finais da obra, Hayek defende que quanto maior a população de determinada sociedade, maior também será sua economia, condenando políticas estatais de restrição à natalidade, além de apontar as falácias de teorias que equivocadamente traziam conclusões catastróficas em razão do constante aumento populacional experenciado pela população global.
Em grande parte da obra, o autor procuro evidenciar a incapacidade de indivíduos ou governos apreenderem por meio da razão todos os elementos necessários para conduzirem os planejamentos que pretendem. Para isso, defende o caráter espontâneo de elementos como o processo de tomada de decisão humano, que por vezes não possuem as consequências de tais decisões plenamente previsíveis.
Não obstante, Hayek afirma que a tradição, como aquelas tradições repassadas milenarmente através das religiões, é um indicativo da decisão certa a ser tomada mesmo em situações em que a consequência de determinada ação não possa ser prevista. Isso porque tais tradições teriam sobrevivido à prova do tempo.
A obra atinge os propósitos para os quais foi editada: transmitir os motivos que tornam o socialismo impraticável, não somente em razão dos reiterados fracassos de regimes socialistas, mas também em razão de falhas nas próprias premissas do pensamento socialista.

André Paris, Associado II.