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Resenha - Empresas Feitas Para Vencer
Resenha Crítica por Tito Kalinka, Associado I do Instituto Líderes do Amanhã
Empresas Feitas Para Vencer é um livro escrito por Jim Collins, mesmo autor de Como As Gigantes Caem e Vencedoras por Opção. Collins é autor e coautor de seis livros e que, no total, já venderam mais de 10 milhões de exemplares no mundo todo, além de ter desenvolvido suas pesquisas e sua carreira acadêmica na Stanford Graduate School of Business. O livro em questão trata-se de um estudo que comparou as empresas que fizeram um movimento rumo à excelência e deixaram um resultado enorme, crescendo muito acima da média de mercado, com um restrito conjunto que não realizaram o mesmo movimento. Ao longo de 5 anos, Collins analisou dados e fez entrevistas para descobrir o porquê algumas empresas passam de boas para ótimas e outras estão fadadas à mediocridade.
No primeiro capítulo, é apresentada uma visão geral da estrutura de conceitos das empresas que chegaram à excelência. A transformação é um processo de construção seguido de uma ruptura, subdividido em três estágios amplos: pessoas disciplinadas, pensamento disciplinado e ação disciplinada. Dentro de cada um desses três estágios há dois conceitos-chave. No primeiro estágio amplo, há a “liderança de nível 5” e “primeiro quem depois o quê”. No segundo, “enfrentar a verdade nua e crua” e “conceito porco-espinho”. Já no terceiro, cultura da disciplina e aceleradores tecnológicos. Permeando a estrutura inteira há ainda o “volante”, que faz girar todo o processo e capta a transformação da empresa boa em excelente.
No capítulo destinado à liderança de nível 5, o autor constata que todas as empresas “feitas para vencer” tiveram uma liderança de nível 5 durante os anos de transição. O líder 5 se refere a competências que devem desenvolver para chegar a esse nível, encarnando uma mistura de humildade e vontade profissional. São ambiciosos, mas uma ambição voltada aos objetivos da empresa e pensam sempre na sucessão. São extremamente modestos e em grande parte foram moldados dentro da própria empresa que se tornou excelente.
“Primeiro quem depois o quê” é o próximo capítulo e trata que os líderes das empresas vencedoras começaram a transformação colocando primeiro as pessoas certas no barco e depois resolveram para onde iriam tocá-lo. As equipes executivas das empresas “feitas para vencer” são formadas por pessoas que debatem em busca das melhores respostas e que se unem em torno das decisões, independentemente da posição inicial de cada lado.
Já no capítulo 4, o autor traz o enfrentamento em relação à “verdade nua e crua”. Todas as empresas que se tornaram excelentes iniciaram o processo de encontrar seu caminho enfrentando a dura realidade de sua situação na época. Elas encararam a realidade e saíram dela, por esta razão, bem mais fortalecidas. Uma tarefa básica no processo para se tornar excelente é criar uma cultura em que as pessoas tenham oportunidades de serem ouvidas e que a verdade prevaleça ao final.
No quinto capítulo, o conceito de porco-espinho é apresentado. A chave para entender é em que atividade a organização pode ser a melhor do mundo e saber qual ela não consegue ser. Pode-se possuir uma competência, mas não necessariamente a capacidade de ser a melhor do mundo nessa competência. Assim como pode haver atividades nas quais poderia se tornar o melhor, mas para as quais não se possui as competências no momento. O autor define as “feitas para vencer” como porcos-espinhos: criaturas simples que sabem “apenas” uma grande coisa, mas se mantêm fiéis a ela e fazem com maestria.
No capítulo 6, a cultura da disciplina é abordada. Resultados substanciais e duradouros dependem da construção de uma cultura cheia de pessoas autodisciplinadas. Cultura da disciplina traz uma dualidade. De um lado, precisa de pessoas que se engajem de corpo e alma num sistema coerente e, de outro, oferece às pessoas liberdade e responsabilidade. Tem a ver com o fato de se ter pessoas disciplinadas, que se engajam com pensamento disciplinado e que, depois, executam ações disciplinadas.
No capítulo 7, os aceleradores tecnológicos são apresentados como de extrema importância, mas não qualquer tecnologia. As vencedoras costumam se tornar pioneiras na aplicação de tecnologias rigorosamente selecionadas. As empresas “feitas para vencer” usaram a tecnologia como um acelerador, não como gerador de velocidade. A forma que uma empresa reage à mudança tecnológica é um bom indicador de sua motivação interna para a excelência. Empresas excelentes respondem com ponderação e criatividade, movidas por uma compulsão de transformar potencial realizado em resultados.
Finalizando no capítulo 8, o grande volante é acionado e descobrimos que todo o processo é algo orgânico e cumulativo. As transformações contínuas seguem um padrão previsível de construção e ruptura. Quando se está tentando girar um volante pesado, é necessário muito esforço para conseguir que ele se mova, mas se estiver sendo impulsionado numa direção constante, por um longo período, o volante acumula impulso e acaba atingindo o ponto de ruptura. Em contrapartida, as empresas que ficaram na mediocridade tentaram pular a etapa da construção e saltar direto para a ruptura, o que causou o fenômeno que o autor chamou de “circuito da destruição”. Assim, com resultados decepcionantes, não conseguiram manter uma direção consistente e não fizeram o seu grande volante girar.
Dessa forma, o livro traz muitos insights referentes ao caminho que as empresas que atingiram resultados muito acima da média percorreram. São processos relativamente simples que podem ser implementados em empresas de todos os tamanhos e, deve-se lembrar, que todos os processos são tocados por pessoas. Coloque pessoas boas dentro da organização e elas ajudarão a trilhar o caminho para o sucesso, mesmo que não se saiba o destino.

Tito Kalinka, Associado I.