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Resenha - De Zero a Um
Resenha Crítica por Thiago Garcia, Associado I do Instituto Líderes do Amanhã
No livro “De zero a um”, Peter Thiel destaca que a verdadeira inovação (ir de zero a um) é o que vai levar a nossa sociedade ao progresso. O autor defende a tese de uma atual estagnação tecnológica, uma vez que a maioria das empresas hoje busca apenas incrementar algo que já foi feito antes.
Thiel é um empresário alemão-americano, cofundador das empresas PayPal e Palantir Technologies. Ele também investiu em diversas empresas relevantes, com destaque para o Facebook. O autor é, portanto, um investidor de risco e reconhecido por um firme posicionamento político, no qual defende uma menor participação do Estado na economia.
No decorrer da obra, Thiel defende que os avanços tecnológicos devem ser desenvolvidos sem se espelhar em negócios já existentes, o que coloca a empresa inovadora em uma posição monopolista. A verdadeira inovação vem de criar algo ao invés de repetir o já feito, indo, dessa forma, de zero a um.
Ao criar algo verdadeiramente novo, e sendo o melhor em executar esse serviço, a companhia acaba por criar um monopólio e isso é um fator positivo. Monopólios são bons, porque incentivam empreendedores a inovarem e melhorarem seus produtos, objetivando lucro. Por outro lado, nos mercados competitivos, o lucro econômico tende a zero e é nesse ambiente que se encontram empresas que apenas repetem o que já foi feito antes. O progresso intensivo vem do monopólio, não da competição.
Nessa linha de raciocínio, o próximo Mark Zuckerberg não criará uma rede social. Quem quer se destacar deve criar algo realmente novo, mas isso requer genialidade e coragem.
Importante destacar que, para Thiel, o futuro do mundo não está na globalização, mas sim na tecnologia. Em um mundo com recursos escassos, a globalização sem tecnologia nova não é sustentável. Essas novas tecnologias tendem a surgir em startups e o autor esclarece que essas empresas devem questionar ideias já reconhecidas e repensar os negócios do zero.
Isso nos leva a um caminho de volta a um futuro definido, ou seja, um futuro desejado e não aleatório. Uma startup é o maior empreendimento sobre o qual podemos ter domínio definido, através da influência sobre uma parte pequena e importante do mundo. Mas para isso é preciso refutar a ideia do acaso, segundo Thiel, “você não é um bilhete de loteria”.
As empresas mais valiosas são construídas em torno de uma diferenciação oculta. Trata-se de segredos descobertos na busca pela inovação e que tendem a ser encontrados fora do ensino-padrão. Neste ponto, o autor faz uma provocação, chamando atenção para o fato de sabermos mais sobre a física dos astros remotos do que sobre nutrição humana.
As startups devem ser constituídas por meio de algumas diretrizes iniciais, que possibilitam um melhor alinhamento de sócios e funcionários no sentido de criação de valor futuro. Compensações de longo prazo e dedicação em tempo integral são fundamentais nesse aspecto.
Thiel também destaca a importância da estruturação do setor de vendas nas startups. No Vale do Silício, é comum fundadores desconfiarem da publicidade, do marketing e das vendas, por parecerem superficiais e irracionais. No entanto, propaganda é importante porque, comprovadamente, funciona.
O autor também defende a complementariedade entre máquina e homem. Nesse ponto ele refuta a ideia de substituição de diversos tipos de serviços por máquinas. Homens e máquinas possuem qualidades diferentes. O ser humano tem intencionalidade e toma decisões em situação complexas, enquanto os computadores destacam-se no processamento de dados. As ferramentas mais poderosas para alcançar o sucesso incluem a complementaridade entre homem e máquina.
Ao longo da obra, o autor elenca questionamentos que devem ser feitos para se abrir um negócio, principalmente uma companhia que queira fazer algo novo. São perguntas sobre engenharia, momento, monopólio, pessoas, distribuição, durabilidade e segredo. A maioria das empresas de tecnologia fracassa, porque negligencia algum, ou vários, desses aspectos. Foi o que aconteceu com as empresas de tecnologia limpa, por exemplo.
Sobre os fundadores de startups inovadoras, Thiel destaca que devemos ser mais tolerantes com empreendedores que pareçam estranhos ou extremos. Isso porque são os indivíduos incomuns que tendem a criar negócios inovadores, que fogem do mero incremento a algo já existente.
Por fim, o autor mostra uma visão positiva sobre o futuro da humanidade, desde que nos esforcemos para criar um mundo melhor. Esse esforço se traduz em achar meios singulares de criar coisas novas que possibilitarão progresso futuro, ir de zero a um.

Thiago Garcia, Associado I.