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Resenha - De Zero a Um

Resenha Crítica por Raphael Ribeiro, Associado I do Instituto Líderes do Amanhã


Criar algo totalmente novo, sem nenhum resquício do passado ou presente é algo desafiador e inclusive cada vez menos frequente, pois a criatividade tem se tornado escassa cada dia mais. Em sua obra, este visionário empreendedor, Peter Thiel, traz sua perspectiva sobre o mundo dos negócios e como os conceitos atuais sobre sucesso, inovação, empreendedorismo, gestão, e tecnologia estão sendo empregados por muitos de forma errônea ou os métodos emplacados e descritos como os garantidores de resultados indiscutíveis são questionáveis. Além desse fato, a obra apresenta diversos fatores com base em dados da sua própria jornada no mundo dos negócios e do próprio comportamento do mercado, que chama de paradoxo de ensinar empreendedorismo, pois não existe fórmula mágica que seja replicável para atingir o topo de algum mercado no qual se deseja inserir.


Desde as primeiras páginas, Thiel apresenta argumentos das bolhas econômicas criadas pelas pontocom no início do ano 2000 e como isso foi consequência do próprio entendimento de negócios de alguns, para quem ter uma ideia “disruptiva” a partir da utilização de tecnologia, tornava aquela empresa atrativa para o mercado de investimentos e um IPO era inerente de ocorrer, pois o pensamento de curto prazo é recorrente e não a perenidade do negócio. Outro fator é como a ideia inicial pretende realizar essa incursão no mercado visado, o qual normalmente é muito voraz e visa atender uma necessidade ou resolver um problema de uma grande parte do mercado, sendo um dos fatores principais para o insucesso desses empreendimentos.


O foco inicial é convergido para criar um novo conceito sobre como as start-ups funcionam e para criar algo novo é necessário fazer pequeno, pois o ambiente é mais controlado e com menos burocracias, o que confere a agilidade necessária para fazer a ideia tornar-se escalável. Porém, mesmo com esse conceito estabelecido, Thiel apresenta um argumento sobre o monopólio e a importância da gestão do negócio em visar a criação de um monopólio naquele segmento do mercado, evitando gastar energia em travar “guerras” com a concorrência, pois, segundo o autor, é sinônimo para o empreendimento viver diariamente buscando sua sobrevivência no mercado, o que torna o negócio com baixa entrada de caixa a futuro e redundará numa possível falência daquela ideia por outra que entrará naquele mercado com esses conceitos bem estruturados e tomara o espaço perdido por seu negócio. Thiel apresenta a situação ocorrida com o Google e Microsoft como algo maléfico, visto que ambas as empresas focaram em competir e gastaram seus recursos, “copiando” produtos que não faziam parte do seu core business. Nesse cenário caótico, surgiu a Apple com uma solução para o mercado de fato, com o lançamento dos ipads e celulares, tornando-se a pioneira nesse nicho e assumindo um valor de mercado superior a soma das duas empresas. Segundo Thiel, a Apple criou o monopólio de sucesso, pois fez a própria fórmula do zero ao um, sem cópias e inovando de fato. Desse relato, Thiel crava, nenhum novo Bill Gates surgirá realizando as mesmas coisas que o “atual” Bill Gates fez.


A inovação é essencial para a evolução da sociedade, mas atualmente o foco na globalização e na imitação de produtos já existentes é o que tem dominado o mercado, algo que a economia chinesa tem feito com maestria.


O autor da obra busca sustentar sua teoria sobre levar algo do zero ao um, ou seja, promover o surgimento de um monopólio inovador está atrelado a quatro pontos principais:

  1. Tecnologia proprietária

  2. Efeitos de Rede

  3. Economia de escala

  4. Branding

Esses quatro pontos precisam ser trabalhados de forma inteligente e sinérgico, pois a tecnologia é o que promoverá o surgimento do produto/serviço disruptivo, os efeitos de rede farão a promoção do produto e a consequente economia de escala, pois a abrangência dentro do mercado proporcionará o estabelecimento do mercado e o branding tornará o negócio totalmente atrativo, tanto para os investidores, como para os clientes. O que costuma ocorrer segundo Thiel é o isolamento de um desses pontos, a exemplo do Yahoo, que investiu apenas nesse quesito com uma CEO de referência e aprazível aos olhos do mercado, mas não criou um produto escalável, não investiu na rede e tampouco na inovação tecnológica, o que não trouxe os resultados esperados e sustentáveis a médio e longo prazo.


Um outro fator chave é que o futuro precisa ser bem definido no presente através de um planejamento consistente e devemos interromper essa filosofia do Acaso, seja sorte ou azar, além desse mero detalhe, ignorarmos os pensadores otimistas indefinidos, dar menos atenção aos pragmáticos definidos e indefinidos para focarmos nas ações presentes visando construir o futuro tão sonhado. Por fim, o esforço no presente é o que nos conduzirá para os resultados sólidos e perenes. Segundo Thiel, não somos bilhetes de loteria, nós construímos o futuro.


Apesar de todos esses apontamentos, os investidores e empresários continuam a apostar em grandes tacadas pensando tratar-se de bilhetes de loteria e o autor aborda que abordar o investimento de capital em diversas ideias com a justificativa de criar um portfólio variado para ser menos propenso aos riscos do mercado é totalmente incoerente e o que realmente deve ser feito é analisar as propostas de mercado e investir numa potencial ideia de monopólio, como o próprio autor defende com unhas e dentes. Um outro ponto trazido é como a educação desde o ensino médio ao superior tornam as pessoas medíocres em diversos aspectos e áreas, sendo ineficiente para o que de fato o mercado de inovação precisa, pessoas focadas em um único tópico visando descobrir os segredos que ainda estão disponíveis e ninguém conseguiu desvendar, os quais a partir de trabalho, planejamento e estratégia podem levar aquele idealista ou empreendimento ou no caso da obra, essa start up a se tornar um monopólio dos bilhões de dólares.


É evidente que todos os assuntos abordados por Thiel em sua palestra que culminou esse livro, não diz respeito a um fato incontestável, porém, a abordagem trazida pelo mesmo nos leva a refletir sobre todos os métodos comercializados, defendidos e aplicados na rotina do mundo dos negócios e se isso de fato, está levando o mundo a trazer inovações reais e disruptivas.


Obras como essa evidenciam que nos faltam pessoas curiosas e “rebeldes” para contestar as verdades atuais com o intuito de reinventar o jogo do mundo dos negócios, pois parafraseando o próprio Peter disse “Esse é o paradoxo do empreendedorismo, existe algo a se fazer para alcançar o sucesso nos negócios mas ao mesmo tempo não existe a fórmula certa para isso”. Portanto, a partir desse pensamento, o melhor caminho é sempre questionar a tudo, propagar as ideias nas novas gerações de que especialistas são essenciais para isso e o principal, existem muitos caminhos, não fáceis e impossíveis de serem alcançados, porém com esforço e trabalho, possíveis de construir o futuro no presente disponível.


Raphael Ribeiro, Associado I.

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