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Resenha - Cuba e o Cameraman

Resenha Crítica por Caio Gamberini, Associado Trainee do Instituto Líderes do Amanhã


“Não sou um comunista, sou um realista.” Essa é a frase mais marcante do belíssimo documentário produzindo pelo americano Jon Alpert sobre o retrato de todas as viradas vividas por Cuba. Quem disse essa frase foi Wilder, filho de Caridad, uma das personagens centrais do documentário. A obra foi feita de forma muito natural e imparcial e relata a realidade clara vivida em vários momentos de sua história. O documentário está disponível no Netflix de forma bem acessível com seu rico conteúdo.


Não existe outra forma de começar a relatar esse documentário a não ser apresentar, de forma como poucas pessoas conhecem, Fidel Alejandro Castro Ruz, conhecido mundialmente apenas como Fidel Castro. Nascido em 1926, Fidel é um revolucionário cubano muito conhecido nas literaturas e também em algumas imagens. Falecido em novembro de 2016, ainda é muito marcante não só em Cuba, mas em todos os países (principalmente aqueles com história marcada por passagens comunistas). Ao contrário do que muitos pensam, e do que aparece nas filmagens, Fidel se mostra uma pessoa carismática e um líder nato. Com amor ao seu povo e a suas causas, ele mostra, em suas intimidades filmadas por Jon, como consegue ser o mais populista entre os líderes comunistas. Para nós, brasileiros, é fácil identificar alguém com histórico bem parecido, de esquerda, populista e com frases de apelo nacional. O que desperta até um certo medo de assistir ao documentário e prever o que pode acontecer caso tenhamos caminhos parecidos.


Além das imagens pessoais de Castro, o documentário tem como metodologia idas e vindas a Cuba pelo autor e personagem, Jon Alpert. Basicamente, o autor mostra as diferenças entre as idas e vindas nos espaçados períodos que frequenta a ilha comunista. Os primeiros personagens que aparecem no filme são os irmãos Gregório, Cristóbal e Angel. Simples, trabalhadores e carismáticos, os irmãos de Borrego, flutuam dentre as principais passagens do país. Eles são do campo, e no começo do documentário mostra uma fazendo com diversos animais, plantações e uma terra com bastante produtividade. Com o avanço de la revolucion, a pobreza foi devastando o país (principalmente após o fim da União Soviética e com avanço do capitalismo chinês), onde depois de perder seus parceiros e suas simetrias, começou a gerar escassez nos mercados da época. A limitação de compra gerou criminalidade, e a fazenda dos irmãos passara a ser assaltada com frequência, matando até os bois de arraste de material dos irmãos. O documentário mostra como o brilho dos irmãos foi apagando com a situação e a felicidade em produzir acabou. Ônus do socialismo, que gera violência e diminui a geração de riqueza.


Outros personagens principais do documentário são Caridad e Wilder, autor da primeira frase da resenha. Caridad é uma simples mulher que é entrevistada ainda adolescente pela primeira vez por Alpert. Na segunda filmagem, já mostra uma mãe de dois filhos com planos praticamente frustrados pelo avanço da revolução cubana. A história de Caridad muda totalmente quando ela consegue ser expatriada e buscar o sonho de mudar para os Estados Unidos. Os filhos, ainda na realidade de Cuba, abrem a geladeira e mostram a pobreza do país. Viviam de repasses que Caridad fazia aos filhos. Num certo momento do documentário, Wilder relata não ser comunista, mas sim um realista, externando um desejo de viver também o capitalismo americano. Na última tomada de Alpert nessa família, vê-se a vitoriosa ida de Wilder para o solo americano. Ônus do socialismo, expatriação de pessoas por desacreditar no modo de governo e pobreza extrema.


O terceiro personagem central do documentário é Luis Amores. Luis é um homem da cidade que faz de tudo para sobreviver. Diante das idas do autor a Cuba, mostra como a história de Luis coincide com a história do país. Luis é um trabalhador informal muito atuante no mercado negro cubano, isso é, um capitalista em terra comunista. Em uma das passagens de Alpert, Luis está na cadeia, onde ficou por 4 anos. Por fim, Luis conseguiu se erguer, parou com hábitos ruins e montou uma loja de material de construção. Lado positivo do capitalismo, motivado com o ganho de capital, cresce como pessoa e como empresa, gerando riqueza.


Por fim, o documentário mostra os avanços (e quedas) de Cuba durante o regime de Fidel Castro. O povo abraça seu comandante e, com isso, o torna “rei”. A revolução nunca deu certo, viveu momentos bons, mas nunca sustentáveis, sempre dependente dos países irmãos, com suas doações. Com o tempo, os sintomas do regime foram aparecendo. Pobreza extrema, escassez nas prateleiras e a violência absurda tomou conta do país. Enquanto se mantinha 100% comunista por ordem do Estado, o país viveu seu pior momento. Já ciente de que a estratégia não vinha dando certo, Cuba teve, como parte de seu renascimento, o seu turismo. Dono de belas praias, se abriu totalmente para turistas endinheirados. O documentário mostra que um ex-jornalista vivia a sua vida vendendo imagens de Che Guevara, e ganhava, numa única venda, o mesmo salário de um médico oncologista na região. O documentário traz reflexões, atesta para o fracasso desse sistema de governa e alerta para excessos de populismo. Não relatado no documentário, mas na sabedoria de todos, hoje, a Venezuela passa por um estado bem parecido. Se for comparar com o Brasil, ainda estamos muito longe disso, apesar de termos um líder de esquerda, populista que suas políticas populistas, gasta dinheiro em busca de votos. Mas o dia de amanhã ainda não é uma certeza de caminhos diferentes.


Caio Gamberini, Associado Trainee.

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