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Resenha - As Seis Lições

Resenha Crítica - Por Tito Kalinka, Associado Trainee do Instituto Líderes do Amanhã


“Ideias e somente ideias podem iluminar a escuridão.”


Pelas suas ideias amplamente liberais e por viver em um local que estava caminhando para a escuridão nazista, o autor do livro “As Seis Lições”, Ludwig Von Mises, se viu obrigado a imigrar para os Estados Unidos da América em 1940, tendo inclusive sido alvo de uma tentativa de sequestro antes de abandonar seu país. Um dos faróis do liberalismo do século XX e expoente da escola austríaca, começou a ser muito criticado ao lecionar na Universidade de Viena no início de sua carreira acadêmica por ser pró-capitalismo, mas isso não o abalou na construção de sua história.


Não por acaso, o livro “As seis lições” adveio de um compilado de palestras realizadas na Universidade de Buenos Aires em 1958, na capital do país que vinha flertando fortemente com as ideias nefastas do socialismo.


No primeiro capítulo, o autor aborda o nascimento, o desenvolvimento e as benesses do capitalismo. O capitalista, em sua essência, existe para servir os seus clientes, bem diferente de como eram os reis antigamente. Caso os clientes não estejam bem servidos, o concorrente tomará sua fatia de mercado. O capitalismo surgiu de um problema social importante na Inglaterra do século XVIII. A mão de obra excedente dos campos rurais se tornou muito numerosa e não tinha como se sustentar e teve que buscar uma forma para se desenvolver. Dessa forma, começou a produzir em pequenos negócios alguns bens mais acessíveis a todas as camadas da população, diferentemente do que acontecia anteriormente, quando se produzia somente para as camadas superiores da sociedade. O desenvolvimento do novo sistema se deu com a ideia de que cada homem tem o direito de servir melhor e mais barato o seu cliente, tornando a concorrência algo positivo para todos e os salários dos trabalhadores aumentando na mesma proporção.


Já no segundo capítulo, Mises aborda o sistema antagônico, o conhecido socialismo. Neste cenário, o governo determina tudo, não existe o livre mercado e todas as outras liberdades não acham campo fértil para se desenvolverem. E isso vale não só para as empresas em si, mas também para a força de trabalho, que não pode escolher a carreira a qual seguir, mas sim a imposta pelo governo central. Este governo não enxerga, ou não quer enxergar, que, em uma sociedade livre, uns dependem dos outros e tudo gira dentro dessa grande roda. E, acima de tudo, temos o direito de tomar más escolhas e lidar com a consequência de cada uma delas. No modelo socialista, o planejador determina o que se deve ou não consumir, o que é bom ou mau hábito e como as pessoas devem criar seus filhos. E, para mim, a grande e maior crítica levantada pelo autor em relação ao socialismo é a impossibilidade de mobilidade social. Se você nasce pobre, morrerá nesta condição. Somente o capitalismo oferece que uma pessoa trabalhe, se desenvolva e venha a atingir um patamar melhor de sua condição social anterior.


Mises aborda, no terceiro capítulo, o intervencionismo estatal. Isto ocorre quando o governo resolve interferir nos fenômenos no mercado, tirando de certa forma a supremacia do consumidor. Influencia não só como produtor de algo, bem como nos preços. Com o controle de preços, o produtor deixa de ser estimulado à produção, o que acarreta escassez para o consumidor que anteriormente tinha abundância de produto no mercado. O controle de preços e a limitação da produção resultará em padronizar o salário, taxas de juros e o final da equação será o controle socialista.


Já no quarto capítulo, a inflação entra em cena. O Estado para financiar qualquer tipo de aumento de gastos, precisa escolher o caminho do aumento dos tributos ou por meio de dívida. Quando optar pela simples impressão de papel-moeda, colocando mais dinheiro no mercado sem nenhuma contrapartida, o caminho será o aumento geral de preços. Após a impressão de moeda, esse dinheiro chega antes na mão de algumas pessoas, normalmente das classes mais altas, que ganham uma vantagem temporal em relação a isso. A inflação será muito pior para as classes mais baixas pelo motivo de essa moeda chegar somente no final da linha para essa camada da população. E quando as pessoas percebem que os preços dos produtos de amanhã serão mais elevados do que os de hoje, começam a comprar os produtos pelo preço que for e gastando todos os seus recursos, gerando o colapso do sistema monetário.


Na quinta lição, o autor discorreu sobre a importância do investimento estrangeiro. Para um país se desenvolver, precisará de capital para isso. Com os impostos altos estipulados pelos governos, a poupança interna não chega ao patamar para financiar o desenvolvimento do país por meio das empresas. O capital estrangeiro preenche esta lacuna, propiciando uma maior disponibilidade de capital, resultando em um custo de financiamento menor, o capital investido per capita aumentará e o país entra em um espiral de prosperidade. Uma nação, principalmente em desenvolvimento, deve ser receptiva em relação ao capital estrangeiro, sempre.


Para concluir, no sexto e último capítulo, Mises aponta que as boas ideias devem suplantar as más. Vivemos em uma democracia em que o governo interfere de sobremaneira no mercado e é essencialmente inflacionário. Os partidos políticos são compostos por meros grupos de pressão, representando o mercado x ou y, mas nunca os interesses da nação como um todo. Somente com um Estado que não se vincula a grupos e sindicatos, que não venha a interferir no fluxo do livre mercado e que deixe o indivíduo prosperar ou não pelo seu próprio esforço e responsabilidade, teremos uma nação verdadeiramente desenvolvida e com crescente qualidade de vida.


Tito Kalinka, Associado Trainee.

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