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Resenha - A regra é não ter regras

Resenha Crítica - Por Matheus Amorim, Associado II do Instituto Líderes do Amanhã

A regra é não ter regras, é o primeiro livro escrito pelo CEO da Netflix, em coautoria com Erin Meyer, no qual se busca contar os bastidores da cultura da empresa.


A premissa básica da obra é contar um pouco da história da Netflix, uma empresa como nenhuma outra, e como ela se tornou uma das maiores e mais importantes empresas globais, saindo de um serviço de locação de DVDs (cuja compra foi recusada pela, então gigante, Blockbuster) por correio a uma superpotência de streaming.


O livro traz uma visão interessante, que mescla a visão interna de Reed Hastings, com o contraponto da visão externa de Erin Meyer, trazendo ao leitor uma riqueza singular de insights, seja para nossa vida profissional, seja para a nossa vida pessoal, apesar de ser uma obra bastante direcionada para empreendedores que estão em cargos de liderança.


A obra busca trazer um olhar especial a respeito da cultura da liberdade de fala dentro das organizações, ponto que o próprio Reed traz como fundamental para o sucesso da sua empresa e do seu crescimento como liderança.


Dessa forma, “Liberdade com Responsabilidade” é a expressão que o autor utiliza para a cultura que se formou na empresa e se traduz na necessidade constante de que todos exponham as suas discordâncias, seus pontos de vista, de forma a contribuir para o constante aprimoramento dos colegas de da empresa. Para alcançar essa cultura, Reed estabelece que é necessário seguir 03 ciclos, com nove passos no total, que são expostos em 09 dos 10 capítulos da obra.


O primeiro pilar que o livro traz é o da densidade de talentos. Fica claro pela leitura do capítulo que, para Reed, esse pilar é a base da cultura da Netflix. Tudo é estruturado em cima da ideia de que os talentos são insubstituíveis e que é preciso ter uma alta densidade desse tipo de pessoas para o negócio se destacar perante a concorrência.


O curioso nesse ponto é que Reed vai na contramão do que normalmente ouvimos no dia a dia, ou seja, de que ninguém é insubstituível. Assim, a empresa leva muito a sério esse pilar, com uma política de valorização dos talentos muito acima da média de mercado, visando evitar que os melhores mudem de empresa por motivos financeiros. Partindo dessa premissa, todos os gestores da empresa são obrigados a realizar testes de retenção, que são usados justamente para definir os aumentos de salário.


Por outro lado, os funcionários têm o direito a receber, constantemente, o feedback do gestor, para entender a visão da empresa sobre seu trabalho.


É um exercício interessante, que pode ser replicado em qualquer empresa, onde o gestor tem a liberdade de definir o quanto brigará para ter determinada pessoa na sua equipe e vice-versa.


É através dessa dinâmica que se caminha para a cultura da sinceridade e transparência, que é o segundo pilar da estabelecido por Reed. A ideia passada é a de que essa grande densidade de talentos que a empresa visa reter, com altíssima performance, precisam de liberdade e de muita sinceridade para alcançar o seu máximo potencial.


Por isso, tudo na Netflix é transparente: Indicadores financeiros, dados e até mesmo os rumos da empresa são discutidos de forma aberta, visando criar um clima de inclusão e laços de confiança entre todos da equipe.


Nesse ponto, a visão externa de Meyer se mostra importante, pois deixa claro que, na criação dessa cultura, nem tudo são mil maravilhas. Isso fica claro quando se aborda uma das entrevistas de uma empregada, que critica essa supertransparência e sinceridade, dando o exemplo de que, em uma reunião, acabou recebendo do seu chefe a notícia de que, em alguns meses, o seu cargo poderia ser extinto e ela, dispensada, o que lhe causou ansiedade e sofrimento, hoje entendido por ela, como desnecessário.


Outro ponto tratado é a liberdade que todos têm para tomar as próprias decisões, inclusive sobre verbas para investimentos. Os empregados são livres para escolher onde investir com autonomia conforme a estratégia.


O mesmo acontece com as férias, com os funcionários tendo liberdade para definir com os gestores quando gozá-las, o que, segundo o autor, é possível, graças à cultura de transparência, pois os empregados acabam sabendo se organizar para não prejudicar a equipe e as entregas.


Para ilustrar esse cenário e demonstrar por que isso beneficia toda a empresa, a obra se socorre novamente das entrevistas, em que se nota que algumas pessoas preferem tirar férias intercaladas, outras, períodos mais longos etc.


A ênfase nessa liberdade transparece a intenção de se demonstrar a importância de momentos de lazer para os profissionais de alta performance no mercado e garantir que aproveitem melhor o seu período de descanso.


Claro que serão necessários alguns ajustes, até porque nem tudo é possível dentro de algumas limitações legais ou culturais.


Entretanto, Reed deixa claro que esses ajustes fazem parte do processo e é através deles que se introduz o terceiro pilar, que é a remoção dos controles. Segundo ele, justamente por não haver uma política rígida de gastos, a remoção dos controles excessivos é cultural dentro da empresa.


O ponto debatido neste pilar é a relação entre controle e prevenção, ou seja, se o líder precisa trabalhar todo o tempo para controlar detalhes mínimos para prevenir erros, haverá mais controle e menos inovação.


Ele explica que, da mesma forma que não possui uma política rígida de férias, também não possui política rígida de gastos, pois se espera que esse time extremamente qualificado tenha responsabilidade com suas despesas.


Para concretizar essa ideia, utiliza-se o exemplo dos voos em classe executiva. Para a Netflix, não é um problema que o empregado opte por comprar uma passagem na classe executiva, se isso resultar em um empregado mais descansado e que, assim, produza mais em favor da empresa.


A ideia é que, se a empresa elimina esses controles, cria-se se cria uma liberdade que resulta numa empresa que ajusta a rota facilmente e que será mais criativa na hora de buscar novas maneiras de entregar o que se propõe.


O último capítulo da obra é onde os autores conectam todos os pontos das lições anteriores, demonstrando que, em resumo, o elemento central da cultura da empresa e o segredo do seu sucesso é a sinceridade na hora de executar e compartilhar os planos.


Uma frase propagada no livro que diz muito sobre a sinceridade e a busca pelo aperfeiçoamento é: “O seu esforço não é suficiente”, o que significa que o esforço é necessário para alcançar objetivos, mas os resultados só acontecem se ele estiver acompanhado de criatividade e estratégia.


Matheus Amorim, Associado II.

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