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Resenha - 12 Regras para a Vida

Resenha Crítica - Por André Paris, Associado II do Instituto Líderes do Amanhã


A obra “12 Regras para a Vida” foi escrit e publicada recentemente em 2018 pelo psicólogo clínico canadense Jordan Bernt Peterson, professor de psicologia na Universidade de Toronto – Canadá.


Jordan se formou em duas graduações pela Universidade de Alberta (estado onde nasceu), ciência política e psicologia, nos anos de 1982 e 1984, respectivamente. Peterson obteve seu doutorado em psicologia clínica pela Universidade de McGill, onde lecionou até se tornar professor assistente e adjunto em Harvard.


Em 1997, passou a lecionar na Universidade de Toronto, retornando ao Canadá, onde promove suas classes até os dias presentes. Para além dos livros publicados, Peterson já recebeu mais de dez mil citações de suas obras.


Jordan se envolveu em polêmicas ao criticar alterações linguísticas defendidas por pessoas transexuais, alinhando sua defesa ao respeito à liberdade de expressão, o que inclusive é levantado como um dos fundamentos para a recusa que recebeu em um pedido de financiamento de pesquisa perante o Social Sciences and Humanities Research Council.


Peterson também critica a ideia de ideologia, afirmando, nas páginas iniciais de seu livro, que ela se traveste de filosofia ou ciência para tentar apresentar soluções “simples” aos problemas complexos do mundo, discorrendo, que em razão desta contradição, são especialmente perigosos ao chegar no poder, além de culpar aqueles que desmascaram suas simplificações, em vez de assumir os erros pela falha nas soluções simplistas anteriormente apresentadas à sociedade


O autor escreveu o livro “12 Regras para a Vida: Um antídoto para o caos”, tendo por objetivo descrever, por meio de lições aprendidas ao longo de sua existência (seja por experiência própria, seja a partir de situações experenciadas por terceiros), uma série de doze normas que, se observadas pelo leitor, tornariam sua existência melhor.


Como muitos daqueles que pretendem criar regras de como viver uma vida adequada, Peterson parece não ter conseguido segui-las. Em 2020, depois do lançamento da obra examinada, o autor foi internado em uma clínica de reabilitação para tratar seu vício em benzodiazepínicos.


Tal fato de modo algum invalida o conhecimento compartilhado por Peterson na obra, apenas adiciona mais um exemplo à cadeia de evidências que demonstra que o ser humano, apesar dos nortes que escolhe seguir, persegue seu caminho, não em uma linha reta perfeita, mas sim em uma rota tortuosa e, por vezes, desviante ao longo de sua existência. O importante é quando se perceber saindo do caminho traçado, consultar sua bússola de valores para voltar ao caminho pretendido.


O livro em si é bastante interessante, especialmente pela inciativa do autor em atrelar cada uma das regras propostas a situações cotidianas que poderiam ser experimentadas por qualquer indivíduo (apesar do autor abusar das referências bíblicas ao longo do texto – o que pode ser compreensível se considerarmos que o mesmo se declara como sendo um cristão ortodoxo), demonstrando como poderiam ter ocorrido diferente caso a respectiva regra proposta tivesse sido respeitada (ou evidenciando que, em razão da observância da regra proposta, o cenário narrado ocorreu daquele modo).


Por outro lado, fica a sensação de que o livro poderia ter sido menor e mais objetivo, sem, contudo, que isso representasse qualquer prejuízo para seu conteúdo e as doze lições que o autor pretendeu transmitir ao longo de sua escrita.


Ao longo de seu livro, Peterson também se vale de alguns experimentos de psicologia e economia comportamental para fundamentar as doze regras que propõe, regras estas que não estão somente voltada para o aperfeiçoamento do leitor (como a primeira, a segunda, a quarta e a sexta regra), mas também para forma como ele se relaciona com terceiros, como com seu filhos (como a quinta e a décima primeira regra), com outros familiares, com amigos (como a regra de número três e a regra de número oito, esta também aplicável a outros níveis de relacionamento), e, com colegas de trabalho e vizinhos.


O autor atinge seu propósito de compartilhar uma série de regras que acredita que, quando seguidas pelo leitor, são capazes de tornar melhor a existência do indivíduo e qualidade de seus relacionamentos com aqueles com quem convive.


Por fim, como um bom conservador, não faz mal ao autor e seus leitores recordarem da ideia de “justa medida” trazida por Aristóteles, há mais de dois mil anos, ao afirmar que a virtude está no equilíbrio entre dois extremos, ou seja, a coragem restaria entre a covardia (vício por deficiência) e a temeridade (vício por excesso).


André Paris, Associado II.

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