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O Risco é uma escolha individual ou o destino do brasileiro?
Artigo de Opinião - Por Elimar Lorenzon, Associado Trainee do Instituto Líderes do Amanhã
Comprar ou vender um ativo pode ser motivo para comemoração ou lamentos, a depender do momento em que a transação for realizada. Independentemente do histórico da aquisição, o risco está presente. Mesmo que em doses diferentes, ele está lá. Mas afinal, dentro e fora do universo dos investimentos, é possível ficar isento de riscos? Ou arriscar faz parte da natureza do homem?
Origem da palavra risco
Em uma tentativa de responder a essa questão, é interessante saber que a origem da palavra risco está associada ao termo em latim risicare1, que significaria ousar. Dessa forma, assumir risco (ou ousar) pode ser interpretado como uma decisão, não como um destino ou obrigação.
A etimologia da palavra risco caminha em grande sintonia com o conceito de Responsabilidade Individual. A premissa fundamental dos dois é ser o responsável pelas escolhas e assumir as consequências delas, sejam boas ou ruins.
Investir sem riscos, é possível?
Estudar os efeitos dos riscos é muito comum no campo dos investimentos, no qual inúmeras possibilidades foram facilitadas por meio da digitalização das corretoras e isenção de taxas, por exemplo. Ainda que a opção de investir esteja mais presente do que nunca, assumir riscos não é para todos. Contudo, é necessário lembrar que o Brasil não é para amadores, e, mesmo aqueles cujo perfil seja conservador em relação ao seu dinheiro, estão sujeitos a inúmeras situações de exposição, de vulnerabilidade, insegurança e, portanto, de riscos.
Um risco chamado Brasil
Fazendo um paralelo com o Ranking de liberdade econômica de 2022: o Brasil ocupa a 133ª posição2, abaixo da média mundial em metade dos 12 indicadores analisados. Em um deles - Saúde Fiscal - que trata justamente da gestão do orçamento do governo e o quão eficaz um país é ao definir prioridades e alocar recursos, nosso país do carnaval obteve nota 0,4 em uma escala de 0 a 100, ficando entre os 15 piores colocados em uma lista com mais de 170 nações avaliadas.
Se pensarmos que os dados de 2022 já estavam ruins, basta abrir qualquer fonte de notícia e perceber que, se o assunto for orçamento, já começamos com o pé esquerdo, ao notar que o teto de gastos foi sutilmente ignorado para a gestão 2023-2026.
Aliás, saber lidar com a incerteza já é quase uma competência que todo brasileiro deveria ter. Não nos esqueçamos das recentes alterações em decisões judiciais já deliberadas e dos rumores da interferência Estatal na autonomia do Banco Central. Essa última iniciativa com as prerrogativas de abaixar a taxa de juros e possibilitar maiores horizontes para o desenvolvimento econômico. Parece, mais uma vez, que está sendo ignorada a perigosa relação entre taxa de juros e inflação.
Enfim, é possível fugir dos riscos?
Dessa forma, muito embora a palavra risco tenha origens que remetam à opção ou à decisão, no Brasil, certamente o risco ganha uma nova face e um novo significado. Lidar com riscos, assim como as já exaustivas cargas tributárias, faz parte do nosso cotidiano. Enfrentá-los é uma necessidade, ignorá-los é uma escolha. Embora seja uma escolha ruim, é, de fato, uma escolha. No entanto, os riscos estão aqui, bem presentes, e pela forma como o país vem sendo conduzido, continuarão lado a lado dos nossos resultados nos próximos anos. Vale fazer memória à Ayn Rand: “Você pode ignorar a realidade, mas não pode ignorar as consequências de ignorar a realidade".
1. BERNSTEIN Peter L. Desafio aos Deuses: a Fascinante História do Risco, Ed. Elsevier1997.
2. 2022 INDEX OF ECONOMIC FREEDOM. Disponível em <https://www.heritage.org/index/>. Acesso em 02 de fevereiro de 2023

Elimar Lorenzon, Associado Trainee.