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O populismo e o futuro do empreendedorismo no país

Artigo de Opinião por Matheus Amorim, Associado II do Instituto Líderes do Amanhã


Os historiadores ainda discutem qual o momento histórico em que o populismo se alastrou pelo Brasil, mas há certa unanimidade em apontar Getúlio Vargas como o primeiro presidente autenticamente populista.


Vargas foi responsável por uma política de centralização do poder político e pela adoção de medidas que visavam apenas se autopromover e buscar apoio popular, criando a imagem de "pai dos pobres", em detrimento da lógica econômica ou das melhores práticas políticas.


Quase um século depois, mesmo após intensos debates sobre o tema, o Brasil continua a ser vítima do mesmo populismo político. Esse quadro se agrava agora com a eleição do presidente Lula, que vem cumprindo uma agenda populista ainda mais severa do que em seu último governo.


Com palavras e frases de efeito, como “é pelo amor”, “o mercado não tem coração” e “o empresário não trabalha”, o novo governo “joga para a galera”, defendendo a expansão descontrolada dos gastos da máquina pública, aumentando impostos e burocratizando diversos setores, colocando ainda mais pressão na já difícil vida do empreendedor brasileiro.

O resultado mais imediato dessas medidas para a economia já é conhecido por muitos, e há uma quantidade significativa de autores escrevendo sobre o tema. Pretende-se aqui abordar os reflexos desse tipo de política sob outra perspectiva, que é o preço cobrado para o futuro do empreendedorismo e da inovação no Brasil.


Ora, como estamos vendo nesse momento, justamente por não serem amparadas em uma lógica econômica racional, a adoção dessas políticas é precedida de longas narrativas, em geral atribuindo ao mercado e ao empresário a culpa pelos problemas sofridos pela população.


Motivados por essa lógica falaciosa, políticos populistas aumentam os salários e concedem privilégios aos próprios burocratas do Estado, ao mesmo tempo em que defendem a redução da liberdade de empreender, o aumento de impostos, o aumento de encargos sociais e trabalhistas e fomentam sucessivas e desnecessárias crises entre os atores sociais.


Não é à toa, portanto, que já exista um verdadeiro abismo entre a iniciativa privada e o setor público no Brasil, onde os trabalhadores do setor público, que correspondem a apenas 10% do total, ganham de 15% a 21% a mais do que os indivíduos atuando no setor privado[1], na mesmíssima função.


Esse cenário, inevitavelmente, desmotiva e afasta o jovem empreendedor, tão necessário para a renovação e geração de inovação no setor produtivo, afinal, como incentivar esse jovem a sacrificar seus dias, seu convívio familiar e correr todos os riscos de empreender se, ao final, ele provavelmente ganhará menos que os burocratas do Estado e ainda será taxado como o vilão?


Importante ressaltar que não há absolutamente nada de errado na valorização das carreiras públicas, contudo, quando a iniciativa privada, que já enfrenta diversas dificuldades e riscos, ainda é alvo de constantes ataques das lideranças políticas do país, inevitavelmente e reduz o interesse do jovem em trilhar esse caminho, reduzindo a renovação do mercado e até mesmo, a aceleração na taxa de inovação em determinado setor ou mercado.


Novos empreendedores muitas vezes são responsáveis por introduzir mudanças disruptivas no mercado, oferecendo novas soluções e desafiando os modelos de negócios tradicionais. Sem essa fonte de inovação, as empresas podem se tornar mais complacentes, mantendo-se presas em seus modelos de negócios existentes e menos propensas a inovar.


E mesmo as que querem inovar, muitas vezes não conseguem, pois essa aversão criada contra a iniciativa privada também agrava o já conhecido problema brasileiro da escassez de mão de obra qualificada[2], pois muitos jovens talentos acabam migrando para carreiras públicas nas quais, muitas vezes, jamais explorarão seu potencial por completo.


Mais ainda, vítimas do discurso populista, nossos jovens estão se tornando cada vez mais avessos à iniciativa privada e levando essa cultura para as carreiras públicas, aumentando ainda mais a pressão do Estado sobre aqueles que, apesar de tudo, decidiram se arriscar e empreender, estabelecendo um perigoso ciclo vicioso.


Tem-se, pois, um cenário extremamente preocupante e que demanda nossa atenção. Ao taxar como inimigo justamente aqueles que produzem e geram riquezas, o populismo não apenas ataca o nosso presente, como também compromete o nosso futuro, sacrificando, já no berço, o potencial de inovação e geração de riqueza no país.


Cabe-nos fazer o nosso papel como cidadãos, colocando este tema em discussão, para não permitir que a propaganda ideológica nos faça perder de vista a importância desse setor como fonte de geração de emprego, renda, inovação e desenvolvimento do país.

[1] Disponível em: https://www.idp.edu.br/blog/laipp/a-diferenca-entre-os-salarios-publicos-e-privados-aumenta-a-desigualdade-social/. Acesso em 25/03/2023. [2]Disponível em: https://www.contabeis.com.br/noticias/52383/falta-de-mao-de-obra-qualificada-no-pais-atinge-81-em-2022/#:~:text=Um%20novo%20estudo%20realizado%20pelo,confessaram%20dificuldades%20em%20encontrar%20talentos. Acesso em 25/03/2023.


Matheus Amorim, Associado II.

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