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O futuro não existe. O que fazer, então?

Artigo de Opinião - Por Vander Giuberti, Associado Alumni do Instituto Líderes do Amanhã


Sim, você leu certo, o futuro não existe. Mas, calma, não precisa entrar em desespero por isso. Muito do que você almeja pode ser conquistado. O conhecimento do mundo e da realidade que nos cerca é algo complexo mesmo e, apesar da aleatoriedade e imprevisibilidade dos acontecimentos prospectivos, é possível viver uma vida mais alinhada com as nossas ambições. Mas como?


À rigor, por imposição própria da semântica do conceito, o futuro sempre terá que estar lá, distante, residindo apenas no imaginário do sujeito que o traz ao presente através das suas aspirações e vaticínios. Isso porque, se aquela ideia antes imaginada vem, de fato, a se concretizar, ela necessariamente deixa de ser um “futuro”, passa a existir (presente) e, ato contínuo, se torna passado ou tende a ter uma incidência temporária indefinida, como aquele sujeito que tem um filho e passa, por isso, a deter a condição de pai até que ocorra o seu falecimento ou o de sua prole.


Se, por um lado, o futuro é inacessível, por outro podemos entender como a realidade impacta nosso presente e como esse entendimento nos ajudará a formatar um ambiente em que aquela ideia futura se torne mais provável de ser concretizada ou, caso contrário, que os efeitos negativos de sua não concretização sejam os menores possíveis nas nossas vidas. Isso é de suma importância para entendermos que não somos prisioneiros das circunstâncias ou da história.


É muito comum termos a impressão de que o que limita definitivamente nosso futuro são as circunstâncias que nos envolvem, sejam elas derivadas de restrições naturais (limitações psíquicas, físicas ou de saúde), sociais (a lei, o direito ou a moral coercitivamente imposta) ou econômicas. Dessa forma, supostamente estaríamos fadados a um futuro predeterminado, sem a possibilidade de qualquer alteração que não seja aquela conquistada pela ruptura total e revolucionária de um status quo que nos é imposto.


Nesse pormenor, Nassim Taleb afirma que o ser humano tende a ver o passado como um caminho único e homogêneo e, por isso, acredita que aumenta consideravelmente o conhecimento do futuro a partir da observação da amostragem do passado. Isso teria a ver com o modo como nossa mente lida com a informação histórica, pois, quando olhamos para o passado, ele tende a parecer determinístico, já que uma única probabilidade ocorreu e vem ocorrendo.


Sob o viés subjetivo, portanto, projetamos o passado (nossas experiências pessoais) em nossos atos presentes, visando, com isso, atingir determinados resultados imaginados (futuro). Mas isso não significa que o futuro se repetirá de igual maneira, tampouco que só haveria uma única e predeterminística maneira de se viver ou um único caminho a percorrer.


Claro, há certas limitações intransponíveis e que dificultam (ou mesmo impossibilitam) sobremaneira o trabalho exercido para se alcançar determinado objetivo. Por vezes, ao se realizar a comparação entre os benefícios em se alcançar determinado objetivo e a quantidade de esforço que será impelido para conquistá-lo, chega-se à correta conclusão de que tal intento não vale a pena ser buscado, pois não haveria uma relação positiva entre os custos necessários e o correspondente benefício auferido. Contudo, existem certas limitações que, além de possíveis de serem superadas, uma vez rompidas mostram-se como o melhor meio para aumentar as chances de viver uma vida mais próxima daquela que se almeja.


Para o neurocientista e professor da UCLA Dean Buonomano, nosso cérebro tem a habilidade de planejar o futuro, utilizando-se do passado. Para tanto, o cérebro iria armazenando memórias que depois usaria para nos orientar a seguir adiante. Assim, nós, humanos, poderíamos criar simulações do futuro a partir de experiências passadas e gozaríamos de uma vantagem evolutiva única entre os seres vivos, através da criação de uma memória intergeracional que fomenta o desenvolvimento da ciência, arte e tecnologia.


Para Buonomano, a capacidade de entender que é impossível prever o que as pessoas vão fazer ou como vão se comportar seria a constatação de que só o presente e o passado (quando ocorreu) seriam reais. Desse modo, apesar da ideia de o livre arbítrio estar ligada à gestão de informações processadas pelo cérebro em função do armazenamento lá existente, poderíamos entender, ao recordar coisas do passado, que nossas intuições e percepções se adaptam e evoluem para nos ajudar a sobreviver, de forma que poderíamos nos projetar no futuro e perceber que ele jamais estaria pré-determinado.


Se, por definição, o futuro (projeção psicológica do tempo) não existe e é incerto, só nos resta viver o presente e, a partir dele, tomarmos as melhores escolhas para orientarmos nossos atos. É no presente que se constrói e se realiza, dia após dia, a concretude das nossas ambições. Se o passado é nossa fonte primária de experiência e conhecimento, o presente é nossa fonte de felicidade e onde podemos encontrar a causa e a solução dos nossos problemas. Logo, qualquer ideia de futuro há de ser necessária e forçosamente iniciada e realizada no presente. O futuro é agora!


Vander Giuberti, Associado Alumni.

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