- Líderes
O futuro do varejo
Artigo de Opinião por Leonard Batista, Associado III do Instituto Líderes do Amanhã
As evoluções tecnológicas têm se tornado cada vez mais intensas ao longo dos últimos séculos. Mais de 120 anos se passaram para que o mundo superasse a primeira Revolução Industrial, no entanto, foram necessários apenas 60 anos (metade do tempo necessário para a primeira evolução) para que a “Indústria 4.0” superasse as tecnologias precedentes e desse início à quarta revolução industrial. Mais recentemente, o “ChatGPT” surgiu como a grande disrrupção tecnológica capaz de superar os serviços de busca da Google e de se colocar como a primeira inteligência artificial disponível a todos os computadores pessoais.
É verdade que nem tudo sonhado no passado se realizou. Os carros voadores ainda estão longe de se tornarem realidade no cotidiano atual. Outra grande decepção é o “skate voador” previsto para 2015 no longa metragem “De volta para o futuro”, mas que nunca se tornou realidade, frustrando a todos os “geeks” e amantes dos esportes urbanos.
Quando o assunto é avanço tecnológico, qualquer previsão é arriscada, seja em prol da evolução ou não. Mas não é necessário apelar ao futurismo para desfrutarmos de inovações muitas vezes tidas como improváveis, e um grande exemplo são as lojas autônomas.
As lojas autônomas são estabelecimentos comerciais onde há ausência parcial ou completa de funcionários para mediar as transações, não possuem caixas e o pagamento é realizado “on-line”. Na maioria das vezes são 100% digitais, desde o autoatendimento até a entrega do produto ao consumidor. Existem diferentes modelos de negócios para as lojas autônomas e alguns deles já são bastante populares, como as “vending machines” – que são máquinas de bebidas e snacks pioneiras no mercado – que, ao lado dos totens, são a versão mais simples que temos de lojas autônomas.
E como o futuro é agora, seguem cinco exemplos de lojas autônomas em operação:
Amazon Go - Os principais modelos de lojas autônomas trazem semelhanças com o de negócios como a Amazon Go, nos EUA. Nelas, os consumidores realizam todo o processo de compra utilizando o aplicativo da empresa, sem a necessidade de haver mediação de qualquer funcionário. Todas têm uma coisa em comum - ao contrário da maioria das lojas, não existem caixas. Entra-se, escolhe-se o que se quer e sai-se. A empresa denominou esta experiência de compra de "apenas sair".
Hema Supermarket (Alibaba) – Fundada em 2015, a operação conta com mais de 300 unidades espalhadas pela China. Com 73 lojas em Xangai, a rede de lojas viu nas restrições impostas na pandemia uma oportunidade de crescimento. Trata-se de um mercado high-tech que possui todas as suas funcionalidades em torno do smartphone que é utilizado para tudo na loja, desde adicionar itens no carrinho de compras até obter informações nutricionais e pagar por seus produtos. No caso de pedidos à distância, os alimentos são entregues em até 30 minutos para consumidores que estejam a menos de 3 quilômetros das unidades.
Zaitt – Depois de começar em 2016 como um aplicativo de delivery, a Zaitt optou pelo modelo autônomo. A primeira loja com o perfil surgiu em 2019, no Espírito Santo. Hoje são cinco em operação, e há previsão de abrir mais dez espaços até o fim do ano. Diferente dos outros players, a Zaitt opera apenas com lojas de rua. O custo para o interessado na franquia é de R$ 200 mil a unidade. Todo o modelo de negócio também se aproxima do formato das “vending machines” e das lojas de conveniência. Mas, diferente destas, o modelo de lojas autônomas oferece maior variedade de produtos e valor mais atrativo, permanecendo com valor médio de produtos cerca de 20% a 30% acima dos supermercados tradicionais.
Carrefour – Em busca de inovação e de transformação digital, a gigante do setor varejista não fica de fora das inovações. Focadas em produtos de conveniência e com a proposta de oferecer soluções completas, o consumidor encontra na loja bebidas, produtos de mercearia, padaria, verduras e legumes, perecíveis e até carne. É vista como uma possível expansão para hipermercados e outros tipos de operações da rede.
Burger King – Na busca pelo aumento de produtividade das operações e com o foco em qualidade, serão testadas em Barueri e Ribeirão Preto pontos de vendas de produtos através de totens com opção de compra antecipada. A empresa espera aumentar a satisfação do consumidor ao mesmo tempo que reduz custos operacionais.
Enquanto varejistas do mundo todo enfrentaram desafios para manter suas portas abertas no mercado físico, outras oportunidades surgiram e se desenvolveram com a pandemia. As lojas autônomas é um grande exemplo de como indivíduos e empresas sujeitos a uma economia de mercado se reinventam para continuar entregando valor ao consumidor. As lojas autônomas são um grande exemplo de como indivíduos armados com sua criatividade criam soluções a todo momento para os desafios que surgem e, assim, perpetuam a prosperidade da espécie humana. Nós fazemos o futuro agora!

Leonard Batista, Associado III.