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De quem é a culpa: Selic ou Varejistas?
Artigo de Opinião por Raphael Ribeiro, Associado I do Instituto Líderes do Amanhã
Durante encontro dos Líderes do Varejo do Instituto para Desenvolvimento do Varejo (IDV), a presidente do conselho de administração da Magazine Luiza, Luiza Trajano, solicitou a redução da Selic ao presidente do Banco Central, Campos Neto, com a justificativa de que haveria quebra de empresas, perda de postos de trabalho e impactos na economia brasileira. Em sequência, segundo a Suno Notícias, houve um momento constrangedor com a seguinte fala da empresária: “Baixa os juros, mas não 0,25 ponto porcentual, não, que é muito pouco”. Campos respondeu que não dependeria apenas dele e em seguida sua fala foi encerrada por sua assessoria, mas a indignação de Luiza e seus colegas permaneceu.
Não há indícios que haverá reduções significativas como pleiteado, inclusive pelo governo atual, na figura do poder executivo. Pedidos semelhantes têm se tornado recorrentes por estadistas e empresários, principalmente do setor de varejo e automobilístico, pois estão sofrendo com as baixas vendas, devido ao baixo poder de compra da população, alta da inflação, e desemprego, os quais estão influenciando a economia brasileira de forma feral. Manter a Selic para refrear a inflação tem funcionado a certa maneira, porém, existe a necessidade de reformas administrativas e tributária para tornar essa ação mais efetiva. Há a necessidade de projetos para fortalecer a base energética, logística e ações do Estado para garantir a segurança jurídica para sustentação dos contratos, redução e eliminação de calotes financeiros e manter o princípio da isonomia intacto.
Uma prática para desviar das “garras” do mercado controlado pelo Estado, é realizar lobbies em Brasília para buscar alternativas frente a instabilidade econômica ou ineficiência na gestão dos negócios. Os empresários que se sustentaram a partir da troca de favores e não em suas ideias, tendem a adotar discursos “desesperados” para salvar o barco que está prestes a naufragar. Contudo, o prejuízo da má gestão se comprado pelo Estado, na verdade, é direcionado para a sociedade e consequentemente, pelos consumidores daquele produto. De acordo com Ludwig Von Mises, os consumidores ditam o mercado, esses têm o poder de compra e permitem que o produto comercializado conquiste uma parcela do mercado, caso atenda as expectativas daquela clientela. Quando o produto perde seu share, o empresário deve criar alternativas para recuperar seu espaço ou será “expulso”, podendo encarar a temida falência. Nessa jornada, o Estado intervencionista atua como o “salvador”, trazendo em seu discurso a regulamentação e impostos, para garantir segurança e giro da economia para todas as partes envolvidas. Um fator chave é que o Estado não gera riqueza, esse gasta aquilo que os consumidores detêm, portanto, quando há qualquer ação estatal para salvar um empresário ou empresa, a conta é endereçada à sociedade.
Portanto, ao solicitar redução de juros com uma justificativa coletiva, Luiza Trajano demonstra que sua preocupação real é com seu possível prejuízo, consequência da ineficiência em administrar os riscos do Varejo. Se há culpa para a alta da Selic, seja por inibir ainda mais o aumento da ineficiência estatal. Se há culpa para os varejistas, seja por não criarem um negócio blindado ou preparado para permanecer vivo nos maus tempos. Por fim, a responsabilidade é individual, assim como a busca por permanecer vivo no mundo dos negócios.

Raphael Ribeiro, Associado I.