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Críticas a Margaret Sanger e a defesa dos direitos individuais: Um olhar liberal
Artigo de Opinião por Leonard Batista, Associado III do Instituto Líderes do Amanhã
Margaret Sanger, conhecida como uma figura central no movimento feminista, é uma personagem no mínimo controversa devido às suas declarações eugenistas. Em diversos trechos de suas publicações, a autora defendeu a eugenia como método eficiente na solução dos mais diversos problemas sociais.
Margaret Sanger expressou ideias problemáticas e inaceitáveis em relação a determinados grupos sociais. Em seu livro "Woman and the new race", a autora afirma que “O grande ato de misericórdia que uma família numerosa pode dar a um dos seus membros infantis é matá-lo”. A declaração reflete uma perspectiva extrema da eugenia, que defende medidas drásticas para controlar a reprodução e melhorar a "raça", por meio do infanticídio. Sob uma ótica contemporânea, a frase é amplamente condenada e considerada antiética.
Em outra oportunidade, Sanger escreveu em uma carta a Clarence Gamble, em 1939: “Não queremos que vaze a informação de que queremos exterminar a população negra”. A defesa e planejamento do extermínio da raça negra é profundamente perturbador e inaceitável. Vale sempre lembrar o óbvio: o racismo é uma ideologia moralmente repugnante, que perpetua a discriminação e a opressão de indivíduos e grupos com base em sua raça ou etnia. Defender ou promover qualquer forma de genocídio ou extermínio racial é um ato monstruoso que viola os princípios fundamentais de justiça e respeito pela vida e liberdade individual.
Ainda sob a ótica da eugenia e discriminação racial, Sanger participou do folhetim "O valor eugênico da propaganda do controle de natalidade", publicado em 1921: “A eugenia é sugerida pelas mais diversas mentes como o caminho mais adequado e definitivo para a solução de problemas raciais, políticos e sociais". A eugenia é uma teoria pseudocientífica que busca melhorar a qualidade genética da população através da seleção de características consideradas desejáveis. Ao propor que a eugenia seja usada como uma solução para problemas raciais, políticos e sociais, Sanger demonstra uma falta de compreensão das complexidades dessas questões e uma total falta de respeito pela dignidade e pelos direitos humanos.
Além disso, não bastassem os absurdos já citados até aqui, vale lembrar a maneira como Margaret Sanger planejou tratar os desafios relacionados à inclusão de pessoas com necessidades especiais. No mesmo folhetim publicado em 1921, a autora disse: “O problema mais urgente hoje é como limitar e desencorajar o excesso de fertilidade daquele que é mental e fisicamente deficiente". Tal visão é discriminatória e desumanizante, pois sugere que pessoas com deficiências são inferiores ou indesejáveis, em comparação com aqueles sem deficiências. Isso vai contra os princípios básicos de dignidade e inclusão de todos os seres humanos, independentemente de suas habilidades ou deficiências.
O planejamento de eugenia proposto por Sanger não se limitou às características físicas e mentais dos indivíduos. Em 1925, no ensaio “The need of birth control in america”, a autora declarou: “Pessoas pobres não fizeram absolutamente nada para avançar a raça. Suas vidas são repetições sem esperança. Tudo o que eles disseram já foi dito antes; tudo o que eles fizeram foi feito melhor antes.". Dessa maneira, ela inclui também eu sua teoria eugênica, aqueles que por qualquer motivo sofrem de dificuldades financeiras. Ao sugerir que a solução para a pobreza é a morte dessas pessoas, em vez de promover oportunidades econômicas e sociais para que elas possam ascender, Sanger defende uma visão profundamente discriminatória e desrespeitosa. Essa abordagem é moralmente indefensável e vai contra os princípios básicos de justiça e defesa da vida. A defesa do genocídio de qualquer grupo social é uma ideia moralmente indefensável e deve ser fortemente criticada.
No entanto, mesmo com todos estes posicionamentos, Margaret Sanger continua cultuada pelo movimento feminista e boa parte do movimento progressista. Tais movimentos, ao mesmo tempo que se posicionam favoráveis à Sanger, criticam fortemente o movimento liberal e seus filósofos.
Nesse sentido, o que chama a atenção é que o liberalismo, como corrente filosófica e política, enfatiza a liberdade individual, a defesa da vida e o estado de direito para todos os indivíduos, independentemente de sua raça, etnia, classe social ou capacidades.
Pensadores liberais, como John Stuart Mill, por exemplo, defendem a liberdade de pensamento, expressão e autonomia individual. Eles propõem políticas que promovam a igualdade de oportunidades e a inclusão social, sem recorrer a medidas discriminatórias ou violações dos direitos individuais.
As declarações eugenistas de Margaret Sanger, incluindo a defesa do genocídio de grupos sociais, merecem críticas contundentes. Por outro lado, ao defender os direitos individuais das mulheres, pessoas com necessidades especiais, negros e outras minorias, o pensamento liberal busca garantir uma sociedade em que todos possam desfrutar de liberdade e dignidade.

Leonard Batista, Associado III.