- Líderes
Como impactar de forma efetiva a cultura corporativa - Texto VII
Artigo de Opinião - Por André Paris, Associado II do Instituto Líderes do Amanhã
Continuando nossa série de textos sobre como uma empresa pode influenciar o comportamento de seus funcionários e, por extensão, sua cultura corporativa, compartilho, no texto de hoje, as implicações de uma das variações do experimento sobre honestidade conduzido pelo economista comportamental Dan Ariely.
Perda de memória ética
Como vimos nos experimentos mencionados anteriormente, lembretes morais podem ajudar indivíduos a permanecerem no caminho da ética. Em relação a quanto tempo dura nossa memória ética, ou quando é o momento mais apropriado para introduzir esses lembretes, uma variação do experimento de Dan Ariely[1] é esclarecedora.
Nesta versão do experimento original, o pesquisador realizou seus testes com alunos de Princeton. A universidade é conhecida, desde 1893, por suas preocupações com o respeito a suas diretrizes sobre honra. Quando novos alunos chegam a Princeton, eles recebem uma cópia de seu Código de Honra e devem atestar que compreendem as disposições nele constantes antes que sua matrícula possa ser aceita.
Além disso, os calouros recebem treinamento sobre as disposições do Código e devem debater sobre questões relacionadas a honra nas primeiras semanas na universidade. Para ver o impacto que esses esforços poderiam ter nos resultados do experimento, Ariely executou o mesmo experimento que realizou com alunos do MIT e Yale com calouros de Princeton (apenas duas semanas depois de terem sua “imersão ética”).
Os resultados do experimento foram os mesmos, os alunos que foram convidados a assinar um pedaço de papel confirmando que compreendem que o experimento deve ser realizado de acordo com o Código de Honra de Princeton não trapaceou, enquanto os outros calouros participantes (que não foram solicitados a fazê-lo) trapacearam.
As descobertas desta versão do experimento indicam que nossa “memória ética” não dura tanto quanto gostaríamos de acreditar. Assim, complementarmente às conclusões obtidas em experimentos anteriores, as corporações precisam não apenas usar lembretes morais para influenciar positivamente o comportamento de seus funcionários, mas também fomentar esse exercício de recordação constantemente.
No próximo texto da série sobre economia comportamental e compliance irei tratar sobre outro experimento relacionado à memória, este conduzido pelo ex-psicólogo cognitivo Ulric Neisser[2].
[1] ARIELY, Dan. The (Honest) Truth About Dishonesty: How We Lie to Everyone – especially Ourselves. New York: Harper, 2012, p. 38/42. [2] NEISSER, Ulric Gustav. The Ecological Study of Memory. Philosophical Transactions: Biological Sciences, vol. 52: 1997, p. 1697-1701.

André Paris, Associado II.