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Como impactar de forma efetiva a cultura corporativa - Texto VI
Artigo de Opinião - Por André Paris, Associado II do Instituto Líderes do Amanhã
Continuando nossa série de textos sobre como uma empresa pode influenciar o comportamento de seus funcionários e, por extensão, sua cultura corporativa, compartilho, no texto de hoje, as implicações de uma das variações do experimento sobre honestidade conduzido pelo economista comportamental Dan Ariely.
Lembretes morais
Em outra versão de seu experimento original, Dan Ariely (antes de pedir aos participantes que respondessem corretamente o maior número de problemas matemáticos que pudessem dentro do tempo disponibilizado) pediu a alguns dos participantes que tentassem se lembrar dos dez últimos livros que leram no Ensino Médio, e, a outro grupo de participantes, convidou-os a recordar os Dez Mandamentos[1].
Mesmo os membros do grupo, que tentou relembrar os Dez Mandamentos, não tendo sido capazes de se recordar de todos eles, nem mesmo um deles tentou trapacear o experimento, enquanto os demais participantes mentiram (como geralmente verificado nos experimentos do pesquisador) sobre o número de respostas corretas que eles foram capazes de dar.
Além disso, em outra variação do experimento, alguns participantes ateus foram convidados a jurar sobre a Bíblia antes de fazer os testes matemáticos. Os resultados para este grupo foram os mesmos, nenhum deles burlou o experimento.
Para avaliar se a propensão à honestidade verificada no experimento anterior se limitava a questões religiosas, o pesquisador alterou a variável religiosa (a Bíblia ou os Dez Mandamentos) e introduziu a figura de um “Código de Honra” (você vê alguma semelhança com os Códigos de Ética/Conduta de uma organização?) no experimento.
Nesta variante, foi solicitado a alguns (enquanto a outros não) dos participantes (todos estudantes do MIT e de Yale) que assinassem uma folha de papel atestando que eles compreendiam que deviam seguir as diretrizes do Código de Honra de sua respectiva universidade (mesmo que nenhuma das duas universidades possua qualquer Código de Honra) durante a participação no experimento.
Uma vez mais, os participantes que foram solicitados a atestar que seguiriam as diretrizes do Código de Honra de sua respectiva universidade não trapacearam, enquanto os que não foram solicitados a fazê-lo não foram tão honestos sobre os resultados de suas respostas.
Esses experimentos mostram que lembretes morais podem ajudar a manter nossa “bússola de integridade” no caminho certo. Seguindo essa linha de raciocínio, uma empresa pode influenciar o comportamento de seus colaboradores por meio de lembretes dos valores estabelecidos pela organização e de suas diretrizes éticas.
Portanto, por exemplo, se um funcionário for solicitado a ler a política antitruste da empresa antes de se encontrar com um representante de um concorrente, é razoável supor que (com base nas descobertas de experimentos sobre o comportamento humano) ele terá menos probabilidade de se envolver em práticas anticompetitivas com a empresa concorrente.
No próximo texto da série sobre economia comportamental e compliance irei tratar sobre outra variação do experimento sobre honestidade conduzido pelo economista comportamental Dan Ariely.
[1] ARIELY, Dan. The (Honest) Truth About Dishonesty: How We Lie to Everyone – especially Ourselves. New York: Harper, 2012, p. 34/40.

André Paris, Associado II.